A arte brilha pela vida com os pernambucanos Majê Molê e Mestre Librina

Dois talentos representam a cultura de Pernambuco no Tangolomango 2008: o balé afro Majê Molê, e a banda de pífanos Mestre Librina. Ambos têm histórias diferentes para contar. No entanto, com uma característica em comum – a ressocialização de jovens em situações de risco.

No Tangolomango do ano passado, o Majê Molê fez uma apresentação de dar água na boca no palco do Teatro do Parque (Recife). Este ano, o grupo está de volta para mostrar aos cariocas a beleza de sua performance. Formado por 65 meninas do bairro de Peixinhos (Olinda), o balé Majê Molê oferece uma performance nada clássica, baseada em estudos das religiões de matriz africana. Sua sede fica no Centro Cultural Nascedouro, antigo matadouro de Peixinhos, espaço que, não fosse por este e outros movimentos culturais, até hoje seria reduto de tráfico e desmanche de carros.

O Majê Molê nasceu de uma brincadeira que a educadora Glória Maria Gomes promovia todo ano, no dia das crianças. Em 1997, a pedido das próprias crianças, o grupo passou a existir também para o mundo, graças ao apoio inicial dos percussionistas Toca Ogan e Gilmar Bolla Oito, do grupo Nação Zumbi, e depois com os integrantes do Rappa e intercâmbios com o Afroreggae. De forma que, se apresentando Brasil afora, o grupo realiza o sentido do nome original Majesi Mimolê, no dialeto iorubá: “crianças que brilham”.

Movimento semelhante está em curso no Alto do Cruzeiro, bairro periférico do município de Gravatá, no agreste pernambucano. Lá, o grupo Mestre Librina está renovando a tradição das bandas de pífano, uma das referências culturais do interior nordestino. O projeto retoma e atualiza a obra de Sebastião Librina, mestre do pífano de que morreu no anonimato, e sem deixar herdeiros. Ao inserir rabeca, caixa, zabumba, pandeiro, ganzá, alfaia, triângulo, agogô e contra-baixo, os meninos deram nova roupagem ao som do pífano, que ainda encontra nas vozes a cantoria sobre a perspicácia e sagacidade do povo nordestino. Mestre Librina encanta e envolve em festas profanas e religiosas, através de performances próprias, desenvolvidas para os ritmos da mazurca, xaxado, coco, afoxé, caboclinho e frevo. Sua apresentação termina bem no espírito do Tangolomango, com a ciranda reunindo a platéia numa grande roda, símbolo da união das classes, raças e credos em torno da cultura popular.

André Dib – Recife


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