Em 2011, o Tangolomango – Festival da Diversidade Cultural comemorou 10 anos fazendo cumprir sua proposta primeira e essencial: promover o encontro de grupos artísticos, detentores de diferentes linguagens e rica criatividade, donos de incontestável talento, para TROCAR EXPERIÊNCIAS e experimentar as possibilidades geradas a partir da PRODUÇÃO COLABORATIVA.

As cidades do Rio de Janeiro e Buenos Aires foram escolhidas para palco desta edição e os grupos também, eram provenientes das duas cidades, conhecidas mundialmente por suas efervescências culturais e por serem importantes pólos de produção e difusão de cultura em seus países.

O objetivo do Tangolomango este ano era aproximar as duas cidades fazendo valer a prerrogativa de que não há barreiras para a arte e de que, como já experimentado em anos anteriores, a troca cultural proporciona reflexões que extrapolam o trabalho pontual: a percepção da latinidade comum a todos, a descoberta dos patrimônios (culinária, música, danças, arquitetura…) das cidades que acolheram esta edição; essa troca de olhares e informações, fundamentais para solidificar os laços entre os países e estimular a criatividade, a inovação, a renovação e a sustentabilidade das ações culturais.

 

Urraka! Castadiva! La Arena! Bienvenidos a Brasil!

 

Música com objetos, canos e baldes – Urraka, dança contemporânea em tempos de velocidade e tecnologia pra lá de avançados – Castadiva, troca de papéis, de figurinos, de personagens, com incrível agilidade e graça, transformando cabides e araras em elementos de cena indispensáveis – La Arena! É pouco para falar da potência artística que los hermanos apresentaram no Brasil. Além da total disposição para trocar, transformar, adaptar, costurar, remendar, criar e recriar e brincar de reinventar a cultura como se brinca de brincadeira muito fácil, como roda e ciranda.

Nos dias 11 e 12 de novembro, o Espaço 1 da Fundição Progresso, parecia pequeno para a explosão de talentos que se via e ouvia! As dinâmicas, comandadas por Ernesto Picollo, pela primeira vez na equipe, incrementaram e somaram muito a metodologia de trabalho do Tangolomango, sugerindo de imediato a criação de um ambiente onde o contato e a confiança eram as chaves da colaboração.

Do Rio de Janeiro os grupos selecionados também vieram cheios de experiências, para dar e trocar: Companhia Urbana de Dança, que traz no sangue, além da competência a garra de perseverar, liderada pela coreógrafa Sonia Destri; Caixa Preta, música com um suingue pop rock que embalou muitas performances e botou todo mundo pra dançar; Intrépida Trupe, com sua experiência de grupo precursor em áreas do circo pouco exploradas em nosso país; PROFAC- Projeto de Formação de Artistas de Circo, do Crescer e Viver e sua total disponibilidade de aprender, colaborar e somar e o grupo Maracutaia e o potente som do Maracatu, que fazia estremecer as estruturas do lugar e calava a boca de todos, abrindo espaço para o rodopio das saias floridas e para a passagem da marca registrada brasileira em sua porção mais visceral, representando o som de raíz.

No dia 13 de novembro, o Circo Voador, na Lapa, mais uma vez acolheu o projeto que está reconfigurando a cena artística latino-americana. O público, estimado em 500 pessoas, pode assistir a um lindo espetáculo, construído em 2 dias, concebido inteiramente pelos artistas sob a batuta de dois diretores, Ernesto Picollo (direção artística) e Orlângelo Leal (direção musical), que conseguiram, através de suas experiências pessoais e artísticas, transformar 85 artistas de oito grupos, numa trupe só.

 

¿Hola, que tal? Que pasa?
Maracutaia e Companhia Urbana de Dança – Música, feijão de improviso e muita dança!

 

Em 10 anos o Tangolomango se emancipou e foi parar, de mala, cuia, alfaias e tambores em Buenos Aires!

A opção por continuar o trabalho com a maior parte dos grupos que havia participado da edição brasileira deste Tangolomango reforçou as identidades, afinou as fusões, proporcionou um processo inteiro, integrado e colocou mais caldo num feijão de improviso (Sim!!! A pedidos, feijão para todos!), que encheu a pança e as mentes de todos os participantes do Tangolomango em Buenos Aires.

Castadiva, Companhia Urbana de Dança, La Arena, Maracutaia e Urraka novamente juntos, conversando, trocando e experimentando a produção de um novo espetáculo a partir do pensamento colaborativo, da ação coletiva.
Obs: A Intrépida Trupe foi convidada a juntar-se a esta 2ª etapa do Tangolomango porém, embora tenha aceitado, a companhia teve imprevistos de última hora que a impossibilitou de continuar o intercâmbio na Argentina.

De Buenos Aires mais dois grupos vieram engrossar o caldo: o Circo Social Del Sur que com seus SALTOS e sua delicadeza nos tecidos, brincou com o público de Sanção e Dalila. E para embalar o trabalho, o ritmo bailado da cumbia, hoje um dos ritmos mais populares da Argentina, trazido para o Tangolomango pelo grupo híbrido (brasileiro + colombiano + argentino) Luz Buena.

No dia 18 de novembro o Tangolomango se apresentou em Tecnópolis, uma megamostra de ciência, tecnologia, indústria e arte, a maior da América Latina!

Uma grande conquista para o Tangolomango fazer parte de uma programação importante e bastante contemporânea, junto aos melhores grupos artísticos da America Latina.

Para o público de Tecnópolis, uma surpresa: um espetáculo integrado onde TODOS os grupos no palco se revezavam para mostrar o mais rico que o projeto tem: a força e a diferença que juntos podem exercer; a emoção de dividir suas capacidades artísticas promovendo os vários talentos em cena. Um show!

 

Conexão Rio de Janeiro-Buenos Aires

 

Focado na generosidade intelectual e na produção compartilhada, o
Tangolomango propõe uma metodologia de trabalho em que valoriza o processo
de intercâmbio como um espaço de convivência e valorização das diferenças,
apresentando o resultado final da experiência através da realização de um
espetáculo criado de forma colaborativa, ao longo das dinâmicas de trocas.

O evento aconteceu em seis dias nas duas cidades – Rio de Janeiro e Buenos Aires (3 dias em cada uma),reunindo grupos artísticos brasileiros e argentinos, para participar de intercâmbios onde apresentaram seus trabalhos, trocaram experiências e construíram, de forma compartilhada, apresentações únicas de música, dança e circo.

A proposta de fazer o planejamento do Tangolomango Rio e Buenos Aires simultaneamente proporcionou aos processos de produção e realização uma reflexão
sobre as diferenças e semelhanças do universo cultural local e sobre a
configuração da cadeia criativa em cada região.

Acreditamos que esse diálogo ampliará nossos saberes, fortalecerá nossos fazeres e fomentará novos intercâmbios.

Além de fortalecer as trocas de experiências realizadas nos intercâmbios, o projeto em 2011 intensificou o exercício de produção colaborativa através do diálogo generoso estabelecido entre as direções artística e musical e os grupos.

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